O CORTEJO DE REIS E O REGRESSO À ESCRITA...

Os dias começam a alongar-se. Aproveito os últimos raios de sol, no Benavente, para retomar a escrita. Neste lugar as palavras alinham-se com mais cuidado no pensamento e saem pelas pontas dos dedos sem pressas. Ao longe o que resta de um dia de Cortejo de Reis, o leilão. Ouço os lances que vão sendo lançados e o remate final. Na próxima semana já saberemos quanto rendeu mais um ano de Cortejo de Reis na Palhaça. Apesar do evento ser mais do mesmo, de saber de cor os quadros da encenação e até algumas falas do auto, é um domingo onde a vila sai à rua, sabe bem estar aqui, cruzarmo-nos com pessoas que já não vemos desde a Páscoa ou desde a festa de verão.


Na Praça as mesmas famílias crescem, nos filhos, com os netos. As crianças multiplicam-se e enchem a relva de pipocas, cachecóis, brincadeiras e quedas. É também nestes encontros que reparamos como o tempo tem passado e que actualizamos os estados da vida de cada um. De um ano para o outro tanta e tão pouca coisa ou tanto pode mudar na vida das pessoas de sempre. Entre nós e porque os encontros são mais frequentes é curioso notar como o dia de reis muda a cada Janeiro.
A Carina e o Paulo já conduzem um carrinho de bebé e nele o Tomás vai conhecendo a Praça de S.Pedro. A Tuxa e o Tó Pê falam dos partos que se multiplicam no hospital de Aveiro,em Abril a felicidade que aguardam vai fazê-los entrar para as estatísticas. O Pedrinho é o homenzinho dos nossos filhos, está crescido e a primeira classe veio a revelar uma das facetas que em grupo disfarça bem, gosta de ser o engraçadinho da sala! Já o Salvador, esse reguila todo-o-terreno, reencontra os amigos da creche e ora corre para as miúdas para as cobrir de beijos ora se esconde do Fábio para logo de seguida rebolar junto com ele na relva. A Susete aparece e com ela temos 5m de paz para partilharmos a difícil gestão da vida com a família a crescer lá em casa. Enquanto ela os leva a ver os cavalos acertamos as presenças no fim-de-semana do Gerês. As ausentes estão na conversa. É este o maravilhoso mundo da amizade que mantemos vai para 26 anos!
Por aqui o sol acabou de se despedir no horizonte, as mãos começam a ficar perras com o frio, o final da tarde anuncia mais uma noite de neve. Hora de encher um cesto de lenha, meter a chaleira ao lume e escolher um bom cd. Ao longe o leilão continua ao sabor da generosidade dos Palhacenses.

Comentários

  1. Claro que se continuarão aqui a cruzar amigos, vidas, histórias, momentos naquela escrita a que nos habituaste e quase viciaste.

    Bjo Grande
    ondina

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