POSTAIS DA ROTINA I
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O nosso bocejo-matinal-vitaminado é na maior parte das vezes feito com pão fresco, espuma saborosa a café acabado de sair da pressão da máquina e sumo de laranjas colhidas no dia anterior, nas laranjeiras da avó Rosa. Nos dias em que a luz inunda a sala, as conversas fluem da noite para os sonhos, da agenda do dia para o senhor que anda a querer ser grande e que por isso quase verte o leite com cereais porque mal chega à mesa se não tem almofadas.
Quase sempre o nosso bocejo-matinal-vitaminado termina com uma corrida às mochilas e um desespero pelas chaves que nunca ninguém, lá em casa, deixa no mesmo sítio. São poucas as vezes em que não nos despedimos envoltos na alegria de um abraço a três.
As notícias que nos chegam recentemente de perdas de crianças e mortes inesperadas conduzem-me ao pensamento insuportável: imaginar um dia em que falte um par de braços neste abraço. A oração da manhã vai saindo nas entrelinhas destas rotinas que nos fazem olhar a nossa vida com imensa gratidão a cada amanhecer.
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