@Cartas de duas jovens mulheres
De: Maria Tarrinha mtarrinha@gmail.comPara: Catarina Pereira catarinaspereira@gmail.com
Data: 23 de Abril de 2009 10:30
Querida Catarina, É por pouco que não nos vamos encontrar por terras alentejanas. Vou sair agora e consolo-me a escrever-te porque a casa está vazia e eu precisava de companhia. Desde ontem que o telefone não pára, os amigos mandam mensagens e multiplicam-se em mil ajudas e preocupações. Nunca fui a um funeral de alguém da minha família e deprime-me a ideia de uma cerimónia escura e chorosa. Os meus irmãos não vão e ficam cá em casa de uns amigos nossos que mal souberam se desfizeram em telefonemas para os miúdos ficarem em casa deles. É óptimo porque eles adoram e é uma festa ir para casa do Zé e da Alice. O Gui não entende aida muito bem todos estes movimentos e toda a situação e, às vezes, gostava de ter a idade dele e poder refugiar-me numa inocência e numa ingenuidade sem fim como as crianças, sempre capazes de arrancar um sorriso, ainda que no meio de lágrimas. A minha mãe foi buscar os arranjos das flores e quando chegar, saímos. Ainda não sei por onde vou andar nos próximos dias, talvez regresse a Aveiro brevemente. Escrevo-te quando chegar.
Um enorme beijinho.
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