Domingo de Páscoa | Ressuscitou
Então Jesus, o Ressuscitado, vem ter com ela. E vem de forma completamente inesperada, não triunfalmente, mas tão humildemente que ela nem o reconhece e pensa tratar-se do jardineiro.
E Jesus chama-a pelo seu nome, «Maria», o que vai fazer mudar tudo. Maria reconhece no seu coração a voz de Jesus. Ela volta-se para ele e chama-o: «Rabbuni, Mestre!» Começa nela uma vida nova; ela confia que Jesus está próximo, mesmo se a sua presença é agora diferente. Depois, o Ressuscitado envia-a: «Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes que ressuscitei!» A sua vida recebe um sentido novo - ela tem agora uma missão para cumprir.
Então Cristo chama-nos pelo nosso próprio nome. Ele conhece pessoalmente cada um de nós. Diz-nos: «Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes que ressuscitei! Transmite o meu amor através da tua vida.» O nosso mundo, onde há tantas pessoas desorientadas, precisa de mulheres e de homens que assumam o risco de avançar no caminho da fé e do amor. E a coragem de Maria Madalena estimula-nos. Uma mulher sozinha ousa ir ter com os apóstolos de Jesus para lhes dizer aquilo que é verdadeiramente incrível: «Cristo ressuscitou!» Através da sua vida, ela sabe transmitir o amor de Deus.
Cada um de nós pode comunicar esta confiança em Cristo. E algo de surpreendente acontece: é transmitindo o mistério da ressurreição de Cristo que nós o podemos compreender cada vez melhor. Este mistério torna-se assim cada vez mais central na nossa vida e pode transformá-la.
(...) É fazendo a experiência da comunhão de todos os crentes, de toda a Igreja, que a nossa fé desabrocha.
Como poderemos, na nossa vida quotidiana, renovar esta comunhão pessoal com o Ressuscitado, que está sempre presente? Quando lemos uma palavra do Evangelho, é o Ressuscitado que encontramos. Na Eucaristia, é o dom da sua vida que recebemos. Quando nos reunimos em seu nome, ele está no meio de nós. E há esse caminho surpreendente onde ele vem ao nosso encontro: ele também está presente naqueles que nos são confiados, sobretudo naqueles que são mais pobres do que nós. Ele próprio disse: «Tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me» (Mateus 25,35).
(...) Hoje há cada vez mais pessoas que têm dificuldade em acreditar na ressurreição. Acreditar em Cristo, acreditar na sua presença no mundo, mesmo se é uma presença invisível; acreditar que, através do Espírito Santo, ele habita nos nossos corações é o risco a que a festa da Páscoa nos convida; ousar apoiar-nos nesta presença.
Esta esperança é extremamente criadora. Sem ela, o desânimo torna-se numa verdadeira tentação para muitas pessoas, e pode afectar as nossas relações interpessoais, provocar a resignação perante o nosso futuro, o futuro do mundo e até de toda a criação.
Perante o sofrimento, a violência, a exploração, o Evangelho faz jorrar uma fonte de esperança nova. Não deixemos que esta fonte se obstrua. Será que nos podemos deixar tocar pela presença do Ressuscitado, que está ao lado de cada um de nós?"
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