DO OUTRO LADO DA RUA...

Domingo foi uma surpresa daquelas que fazem filme quando nos deitamos. Um dia que prometia sossego a dois transformou-se num domingo de inesperado convívio de vizinhos, ou melhor, vizinhas. Um dia inteiro repleto de trocas, conversas e coisas boas. Ok, fiquei com um trem de louça para lavar, não dormi a sesta e fiquei e com a casa virada do avesso, mas nem incómodo me atacou com tais coisas.
O Pedro tinha agenda, deveres profissionais com o último dia de Campeonato da Europa de Basquetebol em São Jão da Madeira. Eu e o Salvador tínhamos um domingo a dois pela frente. Ideias para ocupar o tempo é coisa que a mim nunca me falta e até gosto e este fim-de-semana a casa inspirava o dever doméstico. Um evereste de roupa para passar, um matagal de ervas para limpar e o QB de brincadeira que mãe e filho não dispensam. Já tínhamos os livros, os papéis coloridos, os pincéis, o bloco de papel cavalinho e as folhas secas. Era dia de estender a manta, levar cola e tesoura e inventar lá por fora fora.
Um passeio de bicicleta na rua do Benavente, onde não passam dois carros em duas horas, virou o dia do avesso.

O Salvador quis ficar a brincar com o Henrique. Recebemos um convite para almoçar, deliciámo-nos com a companhia uns dos outros ao longo do dia. Duas vizinhas, três filhos, um jardim, uma piscina para os mergulhos deles e nós ficámos com os papagaios. A rua ficou mais bonita, desenvencilhá-mos fios juntos e aprendi com a Ana mais sobre o sistema solar. A distância trouxe mensagens e telefonemas ao longo do dia. Foi muito bom ser a confidente de quem tem saudades, de quem nunca teve a familia separada. Num domingo sem maridos ela foi cuindando dele à distância com pesquisas na net sobre a malária e eu a actualizar o pai atento sobre o mergulho n.º379 de cabeça com 3 minutos de submersão. As pipocas andaram de mão em mão, de sal em açucar e até Madonna não faltou à manta. O Henrique gosta dos videoclips e tem uma pancada pelo hip-hop. Até cantarolámos juntos algumas das preferências de ambos.


Quando o frio do final de tarde nos fez recolher,mudámos de casa. Fiz uma sopa deliciosa,enquanto reguei o jardim. Os miúdos andaram a mudar de sítio tudo o que estava na sala, cozinha e terraço. Teminámos a noite de novo sentados os cinco à mesma mesa, de novo sem maridos, com os filhos de ambas, completamente eléctricos pela felicidade do dia que temrinava. Os crepes com gelado e chocolate foram a BOA NOITE, a despedida perfeita para um dia delicioso!
Já nos dávamos bem, já frequentávamos as casas uns dos outros em alturas especiais, até recebemos nabos e roubamos limões na rua, os nossos gatos misturam-se com facilidade, os nosso filhos passam os dias na mesma creche, mas este dia fez sem dúvida crescer a vontade de alargar o núcleo ao resto da rua. Ideias não faltam...

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