A JS prefiro JC...

Das notícias, da polémica e do senhor Nobel já li tanta coisa que se esgotou a paciência. Ó dom do perdão, entre tantos outros, que nós católicos temos o privilégio de proclamar faz-nos olhar para Saramago, e para esta sua atitude, com aquela ternura de quem observa um homem zangado com o mundo, é mesmo isso. O editorial do I acaba por resumir aquilo que me trespassa a mente perante esta inteligente operação de Marketing do senhor JS.
Editorial O fundamentalista ateu

por Francisco Camacho, Publicado em 20 de Outubro de 2009

Quando o assunto é Igreja, a cegueira do Nobel é proporcional à de um fanático religioso
Podia ser uma operação de marketing mas, tendo em conta os antecedentes do protagonista, é fúria genuína. José Saramago disse que a "a Bíblia é um manual de maus costumes" e que "tudo aquilo [a Bíblia, bem entendido] é absurdo e disparatado". É razão para alguém se sentir insultado? Depende da susceptibilidade. Um bom cristão, por exemplo, com a capacidade de perdão que se lhe reconhece, não chega a tanto. Limita-se a encolher os ombros perante as palavras de mais um mortal zangado com o mundo. É verdade que o escritor não é um mortal qualquer (é um Nobel) , mas quando diz o que acaba de dizer sobre a Bíblia desce a um nível de vulgaridade quase enternecedor. Não parece um homem que tem o nome inscrito na história e que pode olhar para trás com a certeza de que não passou em vão pelo mundo. Parece um reformado rabugento e frustrado que se entretém a chatear os outros.
A provocação nada tem de original ou de corajoso. Bento XVI não é o aiatola Khomeini e José Saramago não é Salman Rushdie. Que o escritor desfaça a Bíblia ou desafie o Papa é quase irrelevante num mundo livre. Não corre o risco de ser acusado de apostasia. Que reduza à estupidez a fé de milhões de pessoas dá que pensar. Foi precisamente isso que fez quando disse que a Bíblia é uma colecção de "violências e carnificinas". Esqueceu-se, claro, de acrescentar que esses episódios sangrentos constam da Bíblia como exemplos nada recomendáveis. Não é preciso saber de cor o Pai Nosso para perceber essa evidência. Mas, quando o assunto é Igreja, a cegueira do autor de "Caim" é directamente proporcional à de um fanático religioso.
Como grande escritor que é, Saramago escolhe bem as imagens. Quando disse que George W. Bush confundia o mundo com uma manada de vacas, como lembrava há dias Umberto Eco, teve a sua graça. O problema é que o próprio Saramago também é dado a confusões. Confunde árvores com florestas, arrumando a complexidade do mundo em compartimentos estanques. Só quem tem uma visão tão simplista da realidade consegue ser lapidar com a frequência alucinante de Saramago. Por exemplo: "As religiões, todas sem excepção, nunca servirão para aproximar e reconciliar os homens", escreveu em 2001. É uma opinião respeitável como outra qualquer, mas vinda de uma figura que nada tem de conciliador é também uma preocupação surpreendente.
O Nobel português faz generalizações que são injustas, maniqueístas e perigosas. Não perde uma oportunidade para criticar ferozmente tudo o que lhe cheira a América, a Israel, a religião (de um modo geral) e a cristianismo (em particular). Saramago passa a vida a satisfazer todos os que o acusam de intolerância e sectarismo. O problema de homens assim é cobrirem de razão os adversários menos estimáveis, servindo- -lhes de bandeja argumentos para o contra-ataque. Com as suas posições radicais, sejam sobre a política externa de Israel ou a Bíblia, o escritor nada faz para travar fundamentalismos judeus ou católicos nem para salvar as vítimas que lhe tiram o sono. Pelo contrário: serve de impulsionador às forças que diz combater. Nisso, não é assim tão diferente de George W. Bush.

Comentários

  1. É tão bom sentirmos esta alegria de ser cristão e acreditarmos em JC, não é? Faz-me lembrar aquela frase daquele "livro" chamado bíblia, "vede como eles se amam"...
    Bjinhos e boa semana

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