Amanhã seria...

Amanhã teria de acordar às 7h00. Para conseguirmos tomar o pqueno-almoço juntos, teria de sair de casa na correria, deixarmos o Salvador na creche e seguir A17 e A25. Quarenta e cinco minutos depois estaria em Oliveira de Frades.

Amanhã teria uma manhã com pelo menos 4horas e meia de trabalho. Na mesma sala, do edificio sede na zona industrial de um complexo onde dominam claramente as renováveis, estaria com os meus colegas de trabalho, os mesmos que almoçariam depois comigo, na cantina, e que se despediam de mim lá pelas 19h em diante, consoante a carga de trabalhos de cada um.

Amanhã teria no meu telefone e na caixa de email dezenas de contactos, das mais variadas motivações, uns para venderem publicidade, outros para saberem qual o próximo destino de investimento do Grupo e os numerosos pedidos de informação para case stuies, trabalhos de liceu, teses de mestrado, etç.... A Martifer não é uma empresa qualquer, também já deixou de estar na moda, mas não deixa de ser um dos mais notáveis exemplos quando se fala de empreendedorismo. O Grupo português é um exemplo de como a determinação, a boa gestão e as decisões certas podem ser extremamente benéficas: para o país, para a região e para centenas de pessoas cuja família depende deste emprego numa das várias empresas/fábricas do grupo.

Amanhã seria um desses colaboradores, uma das mais de 3 mil formigas, que vestem a camisola, e colocam todo o seu know how e entusiasmo ao serviço da máquina eficiente, produtiva e algo viciante que é a Martifer. Amanhã, como desde sempre, tinha até o privilégio de ser das que acompanham a viagem na embarcação que segue rente às áreas de negócio. Ter um panorama geral do que faz, de onde está, da dimensão dos negócios a cada apresentação ou dos problemas e da sua repercursão, sempre que há boas ou más notícias, era um jogo de nervos, onde entusiasmo e decepção se debatiam. O poder da informação coloca-nos sempre no futuro e ao vivermos no futuro corremos o risco de não saborearmos correctamente o presente!

Amanhã seria dia de pousar a carteira, ligar o portátil e ver onde falavam de nós logo pela manhã. Seria também dia de folhear a revista interna e cheirar uma edição acabadinha de sair para casa de todos. Amanhã seria um dia Martifer, infinitamente longo e controverso. Feliz e angustiante, divertido e cansativo.

Os dilemas ganham espaço no coração e eu prefiro enchê-lo de certezas e equilibrio. O dilema incomoda, vai connosco para a cama, abafa a criatividade, fala baixinho nas viagens, afunda-se nas horas de cansaço e arde nos olhares tardios. O equilibrio realiza, divide alegrias, promove a criação, gera optimismo e calma. Como a mudança predomina no meu ADN, amanhã é dia M, de mudar. Há um novo livro por escrever.

Mesmo que ainda prefira dizer baixinho: estou tão feliz pela decisão!

Amanhã seria, mas por enquanto deixou de ser. Como no cartaz das novas oportunidades: "Para mim já compensou!" Pelas experiências e conhecimentos que tive oportunidade de partilhar e aprender e pelos talentos das pessoas que conheci e com trabalhei.