fiquei fula, mas passou-me RAPIDAMENTE!

Uma pessoa está em casa dos sogros, a festejar o aniversário de uma avó amorosa com 85 anos de vida, com a famelga toda em plena algazarra e recebe a pior notícia do dia: foste assaltada. Fui quê?

Depois de ter sobrevivido a um choque frontal e violento à saída do trabalho, quando tudo era lusco fusco, eis que ainda há pior em apenas 3 horas. Fui assaltada, em pela vila da Palhaça, estacionada com outros 10 carros pelo menos em fila indiana, no mesmo sítio, eu fui a escolhida.

Mas vejam-me a sorte de quem é assaltada pela primeira vez: partem o vidro da carrinha, levam-me uma bolsa beje e velha em camurça e deixam-me ficar a pasta com o computador, que estava no mesmo banco, encostada à carteira que desapareceu. Azar de ser assaltada numa quarta-feira 18, qual quê? eu tive foi sorte...então levaram-me a carteira com os documentos, a máquina fotográfica digital sony (no valor de 350€, pelo menos), um cartão de memória que tinha sido um investimento, um envelope com todo o historial de gravidez, uma pen com 700 fotos para ir imprimir, um necessaire com amostras de cremes de todos os feitios e um terço que nunca me largava e ainda me levam o moleskine, mas deixam-me o computador da empresa. No meio da neura uma aberta de luz.

- Sorte sim Catarina, tu és uma descontraída, para não dizer proventura, irresponsável, e desta vez tens de aprender, "NUNCA SE DEIXA NADA À MOSTRA, NEM NA PACATA VILA DA PALHAÇA!"

Eu tive muita sorte gente e por isso é que nem durou muito a neura. Passou que foi um instante, o meu maior medo prende-se com uma chave que não sei se estaria ou não na mala ontem. ..

E agora, à distância de algum tempo ainda parece tudo mais irrelevante, quando há histórias de frio, de ausências, de perdas, de dor. Eu festejei o aniversário de uma avó que não sendo minha me acompanha desde que conheço o Pedro, dormi o sono dos anjos quando todos davam cabo dos Bósnios nos comentários e depois acordo com um pesadelo que termina rápido: fui assaltada, mas deixa lá...tudo o que se perdeu se recupera. Até os apontamentos que foram com os ladrões no moleskine preto, lembro-me de cada palavra...

O que eu gostava mesmo era de recuperar os registos das ecografias, a caderneta da gravidez, o terço de estimação, a foto do Salvador que andava no meio dos recibos da carteira e uns recortes envelhecidos com recados de namoro de há uns anos. Se souberem de alguma coisa avisem pff. O Pedro já correu todos os caixotes od lixo, já foi atrás da SUMA e eu vou fazer o que devia ter feito ontem quando fui à GNR, apresentar queixa. Afinal, e apesar de me sentir observada pelos anjos, partiram-me o vidro do carro e fui assaltada!