Anjos com asas...e varinhas mágicas


Estes anjinhos estão connosco, desde que iniciámos a nossa família, há 5 anos e meio. Todos os anos saem da caixa na mesma altura e tal como as pessoas vão somando marcas de vida. Um já partiu as pernas, a pintura do outro vai esfolando aqui e ali, mas apesar de tudo são dos elementos imprescindíveis na decoração de Natal onde quer que estejemos. Um ano foram aquecer os pés na lareira, num outro andaram a espreitar quem subia e descia das escadas, este ano arranjámos uma estante especial para eles, pintámos uma varinha onde depois colámos estrelas mágicas. Ali têm permanecido, na sala, noite e dia, sozinhos ou no meio do reboliço, observando-nos e quem se junta, quase como sob Berlim...(quem viu o filme percebe...).

Se os Anjos existem, Wim Wenders deve ser um dos mais criativos a tentar hipóteses sobre como seria a sua existência. Wenders usou os anjos como metáfora para tecer um poético e sensível estudo sobre a condição humana em “Asas do Desejo”, um filme que recomendo, neste ou noutro Natal. Asas do Desejo é é um filme contemplativo, que observa e comenta sobre a vida. É um filme sobre a passagem do tempo, sobre a consciência a respeito de si; em última análise, filme sobre a descoberta da própria identidade.
Asas do Desejo (Der Himmel über Berlin, Alemanha, 1988)
Direcção: Wim Wenders
Elenco: Bruno Ganz, Solveig Dommartin, Otto Sander, Peter Falk
Duração: 128 minutos

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