A família chega aos editoriais...boas notícias!

Sejam de esquerda ou de direita, haja coragem para perceber do que se fala quando se fala de família, e não me venham com o velho discurso que nós de direita somos moralistas...argumento fácil. Falamos do presente, do futuro, de cidadãos, de pessoas. Falamos da sociedade e consequentemente de tudo o que dela decorre. "E tudo PODE começaR assim, numa discussão séria." se houver vontade, claro!
Editorial , diário I
Eis a esquerda
por Martim Avillez Figueiredo, Publicado em 29 de Dezembro de 2009

Defender a família como centro da política pública social pode parecer assunto da direita, mas nasce bem à esquerda. O primeiro-ministro Gordon Brown está apenas a dar corpo ao novo pensamento progressista - sim, que nasceu também com Antony Giddens

A família deve ser o centro da política social. Eis o que pede a esquerda britânica - e eis o resultado das ideias do primeiro-ministro mais ideológico da Europa: Gordon Brown. Estranho? Lendo os comentários que se sucederam em www.ionline.pt, e relendo a opinião dos políticos nacionais, parece que sim. Disparate. Este novo debate sobre a família nasceu na primeira metade do ano 2000 e foi liderado sempre pela esquerda - e é aí que merece estar.
Um: As discussões sobre o papel da família foram contaminadas pelos argumentos pouco consistentes de uma direita e esquerda nada esclarecidas. Se os primeiros, à direita, não resistiam à tentação de ver na família tradicional e no casamento um superior princípio moral, na esquerda não se conteve a ansiedade de desvalorizar em absoluto esta forma de vida. Estão ambos errados.
Dois: Estatística, sobretudo recolhida pelo notável trabalho de Paul Amato, professor de Sociologia e Demografia da Universidade da Pensilvânia, sublinha: famílias intactas produzem excelentes resultados no futuro das crianças (sobretudo quando esses resultados são comparados com os de crianças que crescem em ambientes familiares diferentes). As vantagens estão reunidas em vários textos do autor: melhor nível de vida, maior rede de apoio familiar e menores eventos com potencial disruptivo.
Três: Quando Gordon Brown traz este debate para o centro da vida política britânica, não é por acaso que ele surge liderado pelo ministro da Educação Ed Balls. Balls, com apenas 43 anos, é já uma velha estrela do Labour inglês - muito à esquerda, acusam os críticos! Para Balls pouco importa se existe casamento ou não - o que interessa é que exista família intacta: pai, mãe e filhos. Ele conhece os números - é aí, na família, que o maior número mais concretiza o seu potencial. Balls, claro, não chegou aqui sozinho.
Quatro: Em política para uma Nova Geração (o Momento Progressista), a anterior ministra trabalhista para as Crianças, Adolescentes e Famílias, Beverly Hughes (cargo que Ed Balls agora ocupa), escrevia um texto iluminado sobre a importância de repor a família no centro da política social. Não se fala ali em moral. Diz-se: essa é a forma mais eficaz de proteger crianças e adultos.
E este é o ponto: não existindo nada de moralista neste debate, só evidências, o que interessa aos trabalhistas é privilegiar os resultados. Escreve Hughes: "A nossa maior preocupação é o que as crianças e os adolescentes precisam - não a forma de relacionamento dos seus pais, o que importa é a estabilidade e a qualidade dessa relação." O que lhe permite identificar ali (e agora Ed Balls concretizar) três prioridades do papel do Estado: (1) apoiar activamente o papel do pai e as responsabilidades partilhadas entre ele e a mãe; (2) substituir incentivos fiscais por apoio público à família nos momentos-chave e (3) construir redes de apoio para ajudar adultos e crianças a ultrapassar situações de divórcio ou rupturas. Parece pouco - mas é assim que se pensam políticas públicas. E tudo começa assim, numa discussão séria.

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