A 10 semanas das 40, começamos a subir a montanha

São 22h21m e no momento em que escrevo este post os tremores de ventre continuam com réplicas sucessivas. Nunca, na primeira gravidez, estive tanto tempo sob bombardeamentos tão fortes e sucessivos de um feto com 30 semanas.

Começar a sentir os movimento de um bebé dentro de nós é dos momentos mais mágicos da maternidade, uma espécie de princípio de conversa íntima que há-de durar para sempre. O pior acontece quando essas conversas se transformam em vulcões em erupção, uma catadupa de palavras jorrando.

Ontem foi a primeira noite em branco, ou melhor, estrelada: entre a falta de posição na cama e o entretenimento de assistir à projecção da última temporada de transformers na minha barriga, esticando de um lado e desenhando montanhas russas do outro. Experimentei de novo dormir sentada e li um livro inteirinho sem interrupções. Por momentos imaginei quão caricato seria a nossa desorientação, com choque frontal entre o vestiário e a casa-de-banho, no fazer a mala à pressa, se tivéssemos mesmo de nos por a andar para Coimbra esta madrugada.

- Filho, se a discussão de ontem era para me por no sítio, acho que já percebi. Tenho de começar a preparar a tua chegada, não tarda nada estás aí se tudo correr bem. Rio-me só de te imaginar vestido com a roupinha que a maternidade vai guardando nas arrecadações. Parece que ouço a risota das avós e a história para a posteridade, como um certo desmaio de um pai que está para assistir ao parto do primeiro filho e cai redondo no chão, só porque se esqueceu de comer um dia inteiro. Isto quando, com tanto carinho, já te comprámos, juntos, a roupa com que te vais inaugurar no mundo e posso desde já garantir-te que é uma ternura de simplicidade que combina contigo!