POSTCARD | FROM JERUSALEM WITH FAITH...

Chega de Jerusalém, o primeiro POSTCARD, uma nova rubrica desde blog...

ירושׁלם ירושׁלם

(Jerusalém, Jerusalém! - Em Hebraico)

"Contemplado Jerusalém do Monte das Oliveiras (mais alto do que a colina onde está situada a cidade velha de Jerusalém), no caminho que faço todos os dias para que me leva de casa à “cidade velha” (assim è denominada a cidade dentro das muralhas) recordo estas palavras de alguns profetas e do próprio Jesus, que são expressão do seu lamento por Jerusalém. Mas para os peregrinos hebreus que vinham em peregrinação ao Templo era expressão de alegria, da alegria que se sente quando se alcança uma meta desejada e pela qual tanto se fatigou. Em hebreu diz qualquer coisa come «possessão de paz» os muçulmanos chamam-lhe a «a Santa» (cidade). Muitos me perguntam o que é que se sente vivendo aqui em Jerusalém. Mentiria se disse-se que uma cidade como as outras porque não o é.

Do ponto de vista geográfico é uma cidade muito pobre, não tem um rio (só alguns torrentes invernais) e com apenas uma fonte de água é uma cidade com pouca água própria e que desde os tempos antigos se deparou com este problema tendo que trazê-la de outros lugares mais ou menos próximos. Está ao início do chamado deserto de Judá o que não faz dela, a nível climático, um lugar muito propício para existir.

O que é que faz de Jerusalém uma cidade tão especial, ao ponto que é Cidade Santa para as três religiões monoteístas (para os muçulmanos é a terceira cidade santa depois de Meca e Medina)? Esta cidade tem «qualquer coisa» que foge à simples compreensão e ao simples raciocínio, à objectividade dos factos e das razões, esta cidade tem qualquer coisa de divino. Nesta cidade estava o situado o Templo a morada, na Terra, de Deus, d’Aquele que nem o céu, nem a Terra podem conter; nesta cidade deram os acontecimentos finais de Jesus de Nazaré, viu-o morrer, se bem que tenha morrido fora da cidade, mas viu também viu a sua ressurreição.

Esta cidade que teve a morada de Deus na Terra, conheceu e continua a conhecer tudo aquilo que podemos dizer é contra Deus: morte, guerras, destruições, ódio. Mas continua a ser a Cidade Santa, mesmo se os factos contrariam tudo aquilo que a o adjectivo santo normalmente caracteriza. Então o que dizer de Jerusalém? Pode-se tanto. Mas eu prefiro chamar-lhe a santa cidade, particular e única que tem um qualquer coisa que… Ah! Jerusalém, Jerusalém!"

by Johnny Freire, Fevereiro 2010

Conheço o Johnny há pelo menos 15 anos, fazemos anos na mesma altura e foram imensas as vezes que comemorámos esse momento juntos, entre as duas dezenas de amigos que connosco riam as mesmas gargalhadas. Juntos fomos motor e resultado de uma das fases mais dinâmicas do movimento juvenil na nossa paróquia, na mesma aldeia, partilhando amigos e sonhos, fazendo peregrinações, participando em Jornadas Diocesanas e Mundiais. Cada um de nós seguiu a sua vocação e hoje, no núcleo duro de 15-20 pessoas que ainda vivem nesta amizade, o percurso reflecte-se, claramente, nas nossas opções de vida. A mais de 4050 km de distância, vemos as mesmas estrelas quando olhamos o céu e sinto o seu silêncio e oração na minha vida. Comunicamos com frequência e acompanhamo-nos através destas novas tecnologias.

O Johnny pertence à Comunidade dos Silenciosos Operários da Cruz, foi ordenado padre em Agosto de 2008, e partiu para Jerusalém em Outubro do mesmo ano, para fazer os estudos de especialização em Sagrada Escritura. Frequenta a Licenciatura Canónica em Exegese e Ciências Bíblicas, na Universidade dos Franciscanos Menores (“Studium Biblicum Francescanum”).

Para ele "estar em Jerusalém é uma Graça, apesar de todos as dificuldades de ser cristão onde a maioria são muçulmanos e hebreus, nestes lugares escreveu-se a história da nossa fé, a fé em Cristo que morreu e Ressuscitou por nós segundo as Escrituras". Como o próprio um dia partilhou com todos, em cima de umaltar, está em Jerusalém para "aprender e ser capaz de ler e compreender a Bíblia a partir da língua em que foi escrita para assim melhor compreender o seu significado, para perceber melhor o seu carácter salvífico para a minha vida e para a vida de todas aquelas pessoas a quem for mandado".