A LUA, A LUZ E OS SANTOS

Quem vê de fora, durante o dia, vê balões de São João. À noite, quando a lua rompe pelo quarto inundando de claridade e sombras brinquedos e brincadeiras, os coloridos balões parecem planetas num céu de infância. Ontem, ainda se ouviam cantorias e acordeões ao longe, nesta terra habituada há quase duas décadas a marchas populares, e nós despimos um dia longo e ficámos deitados a contar estrelas. Eram sete as que se deixaram brihar na nossa contagem feita vezes sem conta.  

Foi uma noite mágica onde nem faltaram os piscas dos aviões. A pergunta do costume: "Para onde vão mãe?"

Como todas as noites, em que de forma especial a lua nos visita, inundando o nosso lugar de uma luz celestial, ontem podiam desligar a luz de todos os postes. Podiam ter prolongado a noite e desviado o sono, teriam feito um favor ao nosso serão.

A folia dos Santos, que por aqui tem S.Pedro ao leme, fizeram-na os populares, ao longe, enquanto nós preferimos o silêncio da luz para inventarmos as histórias e as rimas de países onde a lua ainda não se tinha dado a notar.